segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Ricardo Noblat - Por ora, não é de bom tom juntar Bolsonaro com Campos Neto

Blog do Noblat / Metrópoles

Enquanto um só faz criar confusão, o outro tenta apagar incêndio

Por mais que negue o senador Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil do governo, recomenda-se no momento não convidar para a mesma mesa Jair Bolsonaro, que dispensa apresentação, e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

Campos Neto andou se queixando de Bolsonaro. Disse a mais de uma pessoa que Bolsonaro “só atrapalha” seus esforços de convencer investidores estrangeiros a seguirem investindo no país apesar das confusões – criadas por quem? Você sabe por quem.

Repercutiu na imprensa internacional despacho da Associated Presse, a mais antiga agência americana de notícias, citando duas autoridades de “alto nível” que relataram o desejo de Bolsonaro de intervir no Banco Central por causa da alta dos juros.

Campos Neto declarou em evento virtual da organização Americas Society/Council of the Americas que “um maior nível de barulho” na política fez crescer a inflação no país para quase 9%. Como ela sobe, ao Banco Central resta subir a taxa de juros para contê-la.

O ministro Paulo Guedes, da Economia, disse algo parecido. Segundo ele, a “barulheira política contamina a economia”. Se perguntarem a Guedes quem provoca “barulheira”, ele jamais dirá que é Bolsonaro. Campos Neto prefere silenciar a respeito.

Bolsonaro e Guedes são negacionistas. Foram em relação à pandemia e são em relação a tudo que os aborrece. Campos Neto não é. Quem, dentro do governo, teima em enxergar acaba colecionando desafetos, pedindo demissão ou sendo demitido.

Agosto segue em frente a merecer a fama de mês aziago por aqui. Há 67 anos, no dia 24 de agosto, o presidente Getúlio Vargas suicidou-se para não ser deposto pelos militares. Há 60 anos, no dia 25 de agosto, o presidente Jânio Quadros renunciou.

Foi em agosto de 2014 que Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato naquele ano a presidente da República, morreu em um acidente de aviação. Foi em agosto de 2016 que o Senado aprovou o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A influência de agosto, por vezes, estende-se aos primeiros dias de setembro. Foi no dia 6 de setembro, há três anos, que Adélio Bispo esfaqueou Bolsonaro em Juiz de Fora.

As condições do PP de Ciro e Lira para apoiar Bolsonaro em 2022

A vida não está fácil para ninguém, muito menos para o presidente da República

O Progressistas (PP) de Ciro Nogueira (PI), chefe da Casa Civil da presidência da República, e de Arthur Lira (AL), presidente da Câmara dos Deputados, já deixou claro a Jair Bolsonaro que está disposto a apoiar sua candidatura à reeleição até o fim.

Mas, segundo a nova edição do TAG REPORT, boletim semanal das jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros, pelo menos duas condições serão impostas para isso. A primeira: que Bolsonaro não se filie ao PP, mas a outra legenda.

E a segunda, ainda mais indigesta: que aceite a liberação de todas as seções regionais do partido para apoiar e fazer alianças com quem quiser nas eleições do ano que vem, inclusive com Lula nos estados do Nordeste onde ele lidera as pesquisas de intenção de voto.

A vida não está mesmo fácil para ninguém…

 

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