OrbisNews
Escrevo após cem dias e uma noite da posse de Lula. Menciono alguns destaques nas mídias de hoje: “Forte entrada de dólares dá sustentação para o real”. 12,5 bi de dólares no primeiro trimestre de 2023, 50% a mais do que em todo o ano de 2022. A bolsa subiu 4% e dólar caiu para cinco reais. IPCA de 0,71 % desacelera após doze meses e cai para 4,65 % ao ano. Sinal pequeno mas indicador de redução da inflação. Ao mesmo tempo FMI reduz para 0.9 % expansão da economia brasileira no primeiro ano do governo Lula. Imagino quais serão os destaques de amanhã. E se o FMI estiver certo, a tendência seria piorar o que começou a dar sinais de que pode e deve melhorar.
O fato é que o governo está começando. É precipitado fazer projeções para 4 anos. O Presidente Lula já deixou claro que quer botar o pobre no orçamento e o rico na arrecadação. Bolsa família com mais recursos, retomada do minha casa minha vida, mais médicos e o propósito de fazer com que todos os brasileiros tenham ao menos três refeições diárias. Isso foi pouco mencionado no registro dos cem dias.
70/80 milhões de brasileiros sobrevivem na pobreza, 30 milhões deles na miséria e total insegurança alimentar. Governo está certo em dar prioridade a eles. Também aos indígenas que passaram anos abandonados à própria sorte, como os yanomamis. Isso e o combate ao racismo, aos preconceitos e as violências de toda natureza, mais a defesa dos direitos humanos, passaram a ser políticas públicas ativas. Meio ambiente, sustentabilidade, combate às queimadas e às atividades ilegais e criminosas do garimpo e do tráfico na Amazônia, ainda aguardam uma ação mais abrangente e de recuperação dos órgãos federais com a consequente ação de resultados. O que é urgente! O Brasil tem na preservação da Amazônia um ativo fundamental para o desenvolvimento sustentável, capaz de atrair grandes investimentos daqui e do exterior, contribuindo fortemente para a reinserção do país na economia mundial e com total afirmação da soberania nacional na região.
A democracia, ferozmente agredida pelos golpistas que destruíram parte das sedes dos três poderes em 8 de janeiro, saiu fortalecida do violento episódio. Centenas de traidores - lembrar Ulisses Guimarães, traidor da Constituição é traidor da pátria – foram presos, estão sendo responsabilizados e certamente serão punidos. Eles e seus instigadores e financiadores. A democracia não pode conceder aos que entendem que liberdade é poder conspirar contra ela e destruí-la. A liberdade que defendem é o retrocesso civilizatório, na fronteira com a barbárie. O governo agiu de forma certeira e o repúdio aos traidores foi amplamente majoritário. Os três poderes agiram de forma coesa. Os brasileiros respiraram aliviados. Os militares reafirmaram seu inarredável compromisso com a Constituição e, aqueles poucos entre eles envolvidos no golpe, estão sob investigação. Configurada cumplicidades e participação, serão punidos.
Ao Congresso Nacional cabe agora um compromisso único com os brasileiros que os
elegeram. Discutir, modificar e, sobretudo, votar matérias cruciais. É
necessário agir com grandeza, que é o oposto de perder dias sobre a formação de
comissões mistas para analisar projetos. Cumpra-se o que está na Constituição
sobre esta matéria. Vamos ao prato principal. Temos, na preliminar, duas
reformas emergentes: a tributária e a administrativa, mais projetos urgentes.
Ao voto. A fragmentação partidária tem que ser vencida pelos anseios e
interesses dos eleitores, especialmente dos 70/80 milhões de brasileiros que
vivem na penúria cada vez mais exposta, cruel e visível. Eles esperam
crescimento, emprego, uma vida melhor. Eles não tem lobbies, contam com o voto
que elegeu deputados e senadores. Estão mais informados, tem seus próprios diagnósticos,
esperam por ação!
*Economista, Senador Suplente, já foi
Deputado Federal (PSDB-SP)
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