sexta-feira, 6 de julho de 2018

Centrão pressiona Alckmin em jantar e adia decisão

Líderes questionam tucano sobre fraco desempenho nas pesquisas e possibilidade de Doria assumir a vaga

Cristiane Jungblut e Bruno Góes | O Globo

-BRASÍLIA- Foram três horas de “sabatina” regada a vinho português e comida italiana. Enquanto os pratos eram preparados na cozinha da mansão do PRB, no Lago Sul, em Brasília, os partidos do centrão (DEM, PRB, PP e Solidariedade) apresentaram ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, um cardápio bem mais indigesto de interesses eleitorais. Barganhando há semanas o apoio nas eleições de outubro, os partidos do bloco reunido em torno do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), questionaram Alckmin, na noite de anteontem, sobre seu fraco desempenho nas pesquisas eleitorais, as dificuldades enfrentadas no eleitorado de São Paulo e as divisões que enfrenta dentro do próprio PSDB. Os planos do tucano para partilhar o poder com o grupo também foram cobrados.

Apesar do esforço de Alckmin, o jantar terminou sem uma decisão. O grupo prometeu dar uma resposta até o dia 20. Na próxima quarta-feira, os partidos, que também negociam um possível apoio ao pedetista Ciro Gomes, farão um novo encontro para “afunilar” o debate sobre quem apoiar.

Alckmin respondeu a todos os questionamentos e apresentou dados objetivos sobre seu potencial de crescimento depois do início da campanha de TV. Ele também reafirmou seu comando sobre o PSDB e falou de suas relações com o tucano João Doria, que será candidato ao governo de São Paulo, mas tem sido especulado como substituto de Alckmin na disputa pelo Planalto. Segundo um dos presentes, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), foi direto ao assunto:

— O Ciro quis saber se o Doria ainda queria puxar o tapete do Geraldo (Alckmin) e como estava a relação deles hoje — contou, sob a condição do anonimato. 

VICE PODE SER DO PP 
Contra esses rumores, Alckmin garantiu que é o candidato do PSDB e que já se acertou com Doria. Ontem, o ex-prefeito de São Paulo divulgou uma nota reafirmando que vai concorrer ao governo estadual.

Para atrair o interesse dos líderes, o tucano ofereceu o posto de vice na sua chapa aos partidos do grupo. A vaga poderá até ser oferecida ao PP, se isso garantir que o partido apoie o tucano e desista de uma aliança com Ciro Gomes. Para conquistar o apoio do DEM, Alckmin ofereceu apoio à reeleição de Rodrigo Maia à presidência da Câmara. Pré-candidato ao Planalto, Maia deve retirar a candidatura e disputar a reeleição para deputado federal.

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