Presidente da Câmara diz que governo também precisa adotar ações além das propostas tributária e administrativa
Danielle Brant e Paulo Saldaña | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu nesta segunda-feira (9) o ministro Paulo Guedes (Economia) e afirmou que apenas as reformas não bastam para conter a instabilidade econômica que afetou o país em decorrência da crise internacional.
Maia fez breves declarações ao chegar a um evento de educação em Brasília. Questionado sobre se era hora de acelerar as reformas no país, como defendeu Guedes mais cedo, o presidente da Câmara afirmou que o governo também precisa adotar algumas ações, além das propostas tributária e administrativa.
“Tem algumas ações que o governo vai ter que tomar, algumas atitudes, e parte delas, parte da solução de médio e longo prazo são as reformas”, afirmou. Na sequência, cobrou o envio dos textos ao Congresso.
O governo tem prometido, desde o ano passado, enviar as propostas de reforma tributária e administrativa, mas, até agora, não encaminhou os textos aos congressistas.
“Ainda não chegou nem a administrativa e nem a tributária, e a [Proposta de Emenda à Constituição] emergencial, o governo decidiu encaminhar uma pelo Senado e não utilizar a do deputado Pedro Paulo, que estava pronta desde 2017, 2018”, criticou.
“Nós estamos prontos para ajudar, como colaboramos no ano passado com toda agenda de reformas, acho que elas ajudam, mas certamente não são o único ponto para solucionar os danos da crise”.
Maia também voltou a pedir mais diálogo do governo com o Legislativo e o Judiciário e afirmou que cabe ao Executivo deixar claro como os outros dois poderes podem auxiliar no processo de retomada de crescimento.
Ao deixar o evento, Maia voltou a falar sobre as reformas e afirmou que o momento é grave. “O Parlamento nunca faltou ao Brasil em momentos de crise e não vai ser diferente agora, muito pelo contrário. Tem pautas de médio e longo prazo, como as duas reformas que o governo deve encaminhar nos próximos dias, então estamos aguardando ansiosos já há alguns meses, e certam ente o governo tem outras ações que vai precisar tomar nos próximos dias”.
Ele, no entanto, evitou citar exemplos. “Não vou ficar me intrometendo senão vão ficar dizendo que eu estou querendo me intrometer onde não devo.”
Ao ser questionado especificamente sobre as declarações de Guedes de que era preciso tocar as reformas, Maia ironizou. “Ele falou isso hoje? Acho que ele repetiu meu tuíte. Quer dizer que nós estamos sintonizados.”
O presidente da Câmara indicou ainda que espera que a reforma tributária avance até o início de maio, mas ressaltou que a administrativa deve atrasar –a expectativa inicial era votar o texto ainda no primeiro semestre. “Eu preciso aprovar na Comissão de Constituição e Justiça primeiro, então vai demorar”.
No domingo (8), o presidente da Câmara já havia defendido diálogo das lideranças do país para conter as consequências da crise internacional sobre o Brasil.
A forte instabilidade econômica mundial reflete o aumento da aversão a risco provocada pela disseminação global do covid-19, como é chamado o novo coronavírus, e também pela disputa entre Arábia Saudita e Rússia por causa dos preços do petróleo.
No Brasil, a Bolsa acionou o mecanismo de circuit breaker, que interrompe as negociações quando o índice Ibovespa cai mais de 10%.
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