Próximos
anos podem servir para novas reações à relação entre um comandante e o
ex-capitão
No
comando do Exército, o general Eduardo Villas Bôas agiu
para pressionar o STF e para favorecer seu candidato à Presidência:
Jair Bolsonaro. Um tuíte com verniz conspiratório, agora dissecado pelo próprio
Villas Bôas, foi feito para interferir no julgamento de um habeas corpus do
ex-presidente Lula, em 2018. A prisão do petista mudou a eleição.
As
reações ao que ocorreu naquele momento-chave chegam com um atraso já habitual
na democracia brasileira. Além de tardias, não passam de ruídos. E o mesmo deve
ocorrer em relação à postura de um outro comandante, sucessor de Villas Bôas e
atual líder do Exército brasileiro: o general Edson
Leal Pujol.
Pujol
não é Villas Bôas. Seu estilo é quase o oposto. Não há verborragia, redes
sociais, pontes sólidas no mundo político ou ausência de sutilezas. Mas o
comandante serve ao ideário bolsonarista, e sua conduta (ou a ausência dela)
ajuda a compor as ofensivas mais danosas de Bolsonaro nesta primeira metade de
mandato.
A permanência do general Eduardo Pazuello no cargo de ministro da Saúde e na ativa do Exército contou com aval de Pujol. Pazuello, hoje, é investigado por crimes e improbidade, suspeito de omissão diante de iminentes mortes por asfixia.
O
laboratório do Exército produziu 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina,
droga sem efeito para Covid-19, porque não houve objeção do comandante. Pelo
contrário: o Exército distribuiu o medicamento de Bolsonaro a estados e
municípios.
E
o armamento da população, com flexibilização de regras, passa diretamente pelo
esvaziamento de atribuições do Exército. Mais uma vez, Pujol é condescendente.
O comandante justifica a postura com explicações genéricas. "O laboratório do Exército é executor, não decide sobre medicamentos." Ou: "A passagem do militar à inatividade não é decisão discricionária do comandante". Os próximos anos podem servir para novas reações à relação entre um comandante e o ex-capitão.
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