Ele
já deu repetidas mostras de que é um camaleão político
Ao
que tudo indica, Luiz Inácio Lula da Silva poderá concorrer
à Presidência no ano que vem. Isso altera significativamente os planos
de candidatos e partidos que já começavam a desenhar cenários para o próximo
pleito.
Na
leitura mais superficial, mas não necessariamente errada, o retorno do petista
ao jogo reforça a polarização. Os beneficiados seriam o próprio Lula e seu
antípoda, o presidente Jair Bolsonaro, que, mobilizando seus núcleos de
apoiadores fiéis e demonizando os adversários, carimbariam seus passaportes
para o segundo turno, fechando as portas para candidaturas mais ao centro.
O problema com essa interpretação é que ela parte do pressuposto de que o Lula de 2022 será um Lula radical, parecido com o que se candidatou em 1989 ou com o que discursou às vésperas de ser preso pela Lava Jato em 2018. Mas não há nenhuma garantia de que tal premissa se manterá.
Lula
já deu repetidas mostras de que é um camaleão político, capaz de vestir a
roupagem que mais lhe convém. Se ele sentir que tem mais chances de chegar ao
Planalto com o figurino de candidato moderado, ele o adotará. Nada o impede de
repetir a trajetória de 2002, quem sabe até reeditando uma versão da
"Carta ao povo brasileiro" e forçando o PT a fazer uma tardia
autocrítica do governo Dilma. Isso seria crível? Bem, se as pessoas acreditaram
que Bolsonaro era liberal, então acreditam em qualquer coisa.
Meu
ponto é que não estamos condenados à polarização. Dependendo da dinâmica que a
campanha assumir, poderemos assistir à reintrodução do teorema do eleitor
mediano, pelo qual os principais candidatos buscam desde o início apresentar-se
como moderados para conquistar os cidadãos que rejeitam extremos, que são
normalmente a maioria.
Se o vencedor vai governar de acordo com as promessas ou cometer mais um estelionato eleitoral é uma outra questão. Mas tratemos de um problema de cada vez.
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