Folha de S. Paulo
Candidaturas inexistentes levam a
prognósticos fantasiosos de uma corrida eleitoral ainda distante
Pesquisas
de opinião sobre projeções de votos nesta altura dos acontecimentos
animam ou desanimam os engajados, mas estão a um passo de se configurar obra de
ficção se considerado o universo completo do eleitorado.
Agora significa pouco ou quase nada fulano estar "xis" pontos à frente ou atrás de beltrano, como se diz, se as eleições fossem hoje. Fato é que serão só daqui a mais um ano num ambiente volátil, propício a erro de cálculos.
A maior evidência dessa fantasia está na
presença de Jair
Bolsonaro (PL)
como o preferido dos que rejeitam a reeleição de Luiz Inácio da Silva (PT). O ex-presidente
não concorrerá, assim como não concorreu o atual quando esteve também
inelegível em decorrência do cumprimento de pena de prisão.
Em 2018, Lula aparecia
bem cotado nas pesquisas e por isso registrou candidatura à qual viria a
renunciar praticamente às vésperas do pleito, em favor de Fernando
Haddad (PT).
A insistência no cenário fictício era fruto
de aposta na transferência automática de votos. Não deu certo, mas talvez
tivesse dado caso desde o início o nome de Haddad fosse bem trabalhado como
alternativa viável ao desastre anunciado.
Águas passadas? Nem tanto, se considerarmos a
repetição do estratagema no terreno oposto. Lá, Lula quis se manter relevante,
assim como Bolsonaro aqui pretende o mesmo. Direito deles. Ocorre, porém, que
condutas personalistas põem em risco projetos coletivos.
O PT ganhou em 2022 por um triz, com a ajuda
do centro democrático que depois de eleito desprezou. A direita não
radicalizada (sim, ela existe, faz parte da política, queira a esquerda ou não)
ganhou uma chance de se organizar e atrair esse campo para um programa
compartilhado, como fez Fernando
Henrique Cardoso em 1994.
Oportunidade que será perdida com a submissão
aos planos de extremistas reverentes às ordens de um capitão, reformado para
não ser expulso do Exército, ora atado pelo tornozelo e em via de ser condenado
por tentar golpe de Estado. Não vai dar certo.
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