Azevedo
saiu por não aceitar que o Exército fosse transformado em milícia. Não existe
isso de 'meu Exército'
Respeitar
a autonomia das instituições de Estado é dever do governante democrático, coisa
que Bolsonaro não entende. Em meio à aceleração assustadora de mortes
diárias por Covid, o presidente achou de aumentar o tumulto com uma reforma
ministerial de corte fisiológico e intenção autoritária, tentando subordinar as
Forças Armadas aos seus caprichos de ocasião.
Nesse intento, por ora, fracassou, uma vez que os líderes militares reagiram com altivez e dignidade, abrindo mão dos cargos para manter as Forças Armadas comprometidas com a democracia e guiadas pela Constituição, como afirmado na nota do general Fernando Azevedo e Silva, exonerado do cargo de ministro da Defesa.
Mais
uma vez, os arroubos autocráticos de Bolsonaro levaram
à queda de um ministro que tentava salvaguardar as instituições: Sergio Moro
saiu por não aceitar a interferência na Polícia Federal; Azevedo saiu por não
aceitar que o Exército brasileiro fosse transformado em milícia. Não existe
isso de "meu Exército", como quer Bolsonaro. O único
"exército" desse tipo com o qual ele pode contar é o de seus
fanáticos, que, aliás, vai minguando.
No
momento, Bolsonaro depende mais do centrão, que nada tem de fanático, sendo
apenas oportunista. Daí a Secretaria de Governo, ambicionada "chave de
cofre", ter sido entregue à deputada Flávia Arruda, do PL, por
recomendação de Arthur Lira e, principalmente, de Valdemar Costa Neto,
presidente do PL, notório articulador do mensalão, preso por corrupção e réu
por peculato e fraude em licitação. Deputada de primeiro mandato, Flávia, que
terá a missão de negociar cargos e verbas, é casada com o ex-governador José
Roberto Arruda, duas vezes preso por corrupção.
Não bastasse isso, um preposto de Bolsonaro na Câmara tentou emplacar o projeto de Mobilização Nacional, dando ao presidente poderes excepcionais. O golpe sanitário não vingou. Bolsonaro não lidera como presidente nem consegue ser ditador; resta como um estorvo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário