Folha de S. Paulo
Números apontam freio na queda da
popularidade, mas resultado não é suficiente para aplacar inquietação de
aliados do presidente
O Datafolha mitigou
angústias que rondam o Palácio do Planalto. Os números coincidem
com pesquisas do governo que já apontavam para um freio
na queda na popularidade do presidente Lula.
Embora encarado como uma tendência de recuperação, esse paliativo não tem sido suficiente para aplacar certa inquietação entre aliados de Lula, especialmente com sinais contraditórios emitidos pelo presidente.
Lula
condiciona uma candidatura em 2026 ao bom estado de saúde. Lembra sua
avançada idade (79), citando até o ex-presidente americano Joe Biden (82).
Um ministro saiu alarmado da primeira
reunião do ano, após ouvir de Lula que só Deus saberia seu destino
político. Outro ministro deixou a mesma reunião convencido da candidatura do
presidente.
Na quarta-feira, em reunião com senadores, o
líder do governo no Senado, Jaques Wagner
(PT-BA), chegou a apelar para que Lula parasse de lançar também ali dúvidas
sobre sua disposição de concorrer à reeleição.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) endossou.
Alertou não haver outro nome à esquerda para corrida presidencial. "Nosso
campo não tem plano B", advertiu.
Lula aquiesceu. Contou que faz exercícios
diariamente. Disse que será candidato contra "qualquer um". Concordou
até mesmo com visitas a templos evangélicos, alimentando em Cid Gomes (PSB-CE)
a certeza de que é candidatíssimo.
Renan acerta ao afirmar que hoje não há outro
candidato. Só se esqueceu de ressaltar que, em boa parte, por culpa do próprio
Lula.
Líder maior da esquerda, o presidente inibiu
o florescimento de sucessores. No governo, tem permitido severos arranhões a
imagens de ministros, como Fernando
Haddad (Fazenda), e o crepúsculo de estrelas em potencial. Hoje no STF,
Flávio Dino costuma comparar, por exemplo, seu momento político a um exílio em
Paris, segundo relatos.
A ausência de herdeiros obriga Lula a
concorrer à reeleição. Usando metáfora repetida por Lula, o presidente colhe o
que plantou.
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