A
onda que varreu as urnas em 2018 virou marolinha nas eleições municipais. Há
dois anos, Jair Bolsonaro impulsionou a vitória de azarões e aventureiros em
todo o país. Agora colhe fiascos na maioria das disputas em que se meteu.
O
presidente pediu votos em seis capitais. Em quatro delas, seus candidatos
naufragaram ainda no primeiro turno. Em Manaus, Coronel Menezes amargou um
quinto lugar. No Recife, Delegada Patrícia terminou em quarto. Em Belo
Horizonte, Bruno Engler ficou em segundo, mas não conseguiu nem 10% dos votos
válidos.
Em
São Paulo, Bolsonaro teve uma tripla derrota. Seu aliado Celso Russomanno, que
liderava as pesquisas, derreteu e acabou na quarta posição. Os dois finalistas
não querem conversa com o capitão. Bruno Covas já dispensou qualquer hipótese
de apoio, e Guilherme Boulos faz oposição radical ao Planalto.
Os
candidatos bolsonaristas só passaram ao segundo turno no Rio e em Fortaleza. O
prefeito Marcelo Crivella, com rejeição na casa dos 60%, dificilmente terá
fôlego para virar a disputa com Eduardo Paes. Na capital cearense a disputa
entre José Sarto e Capitão Wagner foi mais equilibrada. Mas os votos da
terceira colocada, a petista Luizianne Lins, agora tendem a migrar para o
pedetista.
O
presidente teve mais um revés em seu berço político. Seu filho Carlos Bolsonaro
perdeu o título de vereador mais votado do Rio. Foi ultrapassado por Tarcísio
Motta, do PSOL. A outra representante do clã, Rogéria Bolsonaro, teve míseros
dois mil votos.
A
família ainda colheu uma derrota anedótica no estado. Apontada como assessora
fantasma do capitão, Wal do Açaí tentou se eleger vereadora de Angra dos Reis
com o nome de Wal Bolsonaro. Apesar do empenho e do sobrenome do patrão, só
atraiu 266 eleitores.
Numa tentativa de encobrir o vexame, Bolsonaro apagou o post em que pedia votos para seus candidatos. Não adiantou. No fim da noite, sua tropa adotou outra tática diversionista. Passou a usar o atraso na divulgação de resultados para disseminar teorias conspiratórias sobre fraude nas urnas.
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