O
eleitor se distanciou de 2018, quando apostou numa nova política que caducou em
menos de dois anos
O
impacto da pandemia do
coronavírus sobre o eleitor municipal foi amplo, sem limites.
Longe de impor seu peso apenas sobre a esperada abstenção dos mais velhos, o
efeito maior se deu sobre a definição dos critérios do voto.
O
eleitor se distanciou de 2018, quando apostou numa nova política que caducou em
menos de dois anos. Também se mostrou alheio a 2022, indiferente à sucessão
de Jair Bolsonaro.
Pensou no aqui e agora. Valorizou a experiência, a política convencional. Quis
escolher as lideranças que, com paixão, compreendessem o drama principal. Menos
ideologia, mais emoção.
Ao longo do ano, o eleitor municipal veio informando sobre a prioridade que atribuía à pandemia. Os que negaram a crise sanitária sentiram agora sua presença eleitoral.
A
pandemia já fizera vítimas eleitorais derrubando, inclusive, o projeto de
reeleição do presidente americano Donald Trump. Se estivesse
disputando a sua sorte agora, Bolsonaro teria sucumbido. Restam-lhe dois anos
para rever sua teimosia. Como este quadro evoluirá no segundo turno das duas
maiores cidades do País é a nova dúvida.
Nesta
fase, surge com peso decisivo o voto plebiscitário. No caso do Rio, a questão
se concentra nos efeitos do uso da religião e da força do apoio de Bolsonaro. O
fanatismo da campanha de Marcelo Crivella prevalecerá contra o patrimônio
político de Eduardo Paes?
Em
São Paulo, foi surpreendente o desempenho da esquerda, com Guilherme
Boulos (PSOL) e Jilmar Tatto (PT). Os
dois somados levam Boulos ao segundo turno com índice próximo ao do líder Bruno Covas (PSDB).
Os
votos de Márcio França (PSB),
de centro-esquerda, podem ser decisivos. Mas não devem ir em bloco para um dos
dois finalistas. Pessoalmente, França relutaria em aplicar sua força eleitoral
para favorecer um candidato de João Doria.
Mas
o seu eleitorado, moderado, pode ter mais afinidades ao centro do que à
esquerda.
Em São Paulo, a campanha será influenciada por uma desconstrução recíproca. De um lado, Covas identificado ao desgaste de Doria; e de outro, Boulos identificado às invasões e depredações.
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