Queiroga
assume o ministério deslumbrado com o cargo e alinhado com Bolsonaro, mas
completamente perdido diante da gravidade da crise sanitária
O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, assume o cargo em meio a um apagão logístico: faltam vacinas, mesmo com o escalonamento da programação, leitos, respiradores, oxigênio, material para intubação, sedativos e pessoal treinado em várias regiões do país. Em São Paulo, o estado com mais recursos, maior rede hospitalar e principal produtor de imunizantes do país, a situação é dramática, com uma morte a cada dois minutos. Queiroga fez, ontem, um discurso ambíguo, no qual defendeu a “política de saúde do presidente Jair Bolsonaro” e, ao mesmo tempo, destacou a importância das “evidências científicas” na condução da pasta, o que é uma contradição. Bolsonaro é contra as medidas de governadores e prefeitos para conter a propagação do vírus e evitar o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS). Está deslumbrado com o cargo, mas completamente perdido diante da gravidade da situação.
Com
a saída de Pazuello, não haverá uma transição, mas continuidade da política que
estava sendo implementada por ele. Nenhuma mudança na equipe do ministério,
formada por militares, foi anunciada. O novo ministro assumiu a pasta no dia em
que o Brasil registrou 2.841 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, recorde
absoluto desde o início da pandemia, e 84.362 novos casos, segundo o Conselho
Nacional de Secretários de Saúde. Com isso, o número de vítimas fatais da
doença chegou a 282.128, e o total de casos, a 11,603 milhões. Falta uma
coordenação nacional de combate à pandemia, agravada pelo fato de que o
presidente Bolsonaro estimula a desobediência civil e o desrespeito às medidas
de isolamento social.
Rio
Branco, Rio de Janeiro, João Pessoa, Macapá e Aracaju interromperam a aplicação
da primeira dose da vacina contra a covid-19 porque o estoque acabou. Maceió
suspendeu a imunização programada para ontem. Em Belford Roxo (RJ), milhares de
pessoas se aglomeraram nos postos de vacinação sem conseguir receber a dose,
todos idosos. Até agora, o Brasil vacinou cerca de 10 milhões de pessoas, o que
equivale a 4,7% da população. É muito pouco, porque a chamada P1, originária de
Manaus, já se espalhou por todo o país. Esse vírus mutante é responsável pelo
novo perfil da pandemia, com taxa de contaminação mais alta e letalidade maior.
Também está hospitalizando pacientes mais jovens, por longo tempo.
No
Rio Grande do Sul, foram 502 óbitos nas últimas 24 horas. É o maior registro
diário em toda a pandemia. A taxa de ocupação dos leitos de UTIs estava em
109,6%. Dos 3.461 pacientes hospitalizados em leitos críticos, 2.534 são de
pessoas confirmadas com covid (73,2%). Na rede privada, a situação é ainda mais
grave: 135% das vagas de UTI adulto estão ocupadas. No Sistema Público de Saúde
(SUS), a taxa é de 99%. Faltam equipamentos; os profissionais de saúde estão
esgotados e adoecendo.
Em Mato Grosso, faltam respiradores. Em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, médicos que trabalham na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Ipase desmontaram estetoscópios para usar a mangueira do aparelho como mangueira de oxigênio, já que o insumo está em falta. No Ceará, todos os hospitais da rede privada de Fortaleza estão em colapso, com 100% dos leitos de enfermaria e UTI ocupados. No Paraná, 28 hospitais de Curitiba e região estão em colapso, mesmo com o lockdown. Em Santa Catarina, faltam bloqueadores neuromusculares e anestésicos para a realização de intubação de pacientes em tratamento contra a doença. Acabaram os estoques de medicamentos, como Rocuronio, Propofol e Atracúrio
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