Blog do Noblat / Metrópoles
Conclusões extraídas de pesquisas indicam
que enfraquecimento de Lula prejudicaria Bolsonaro
Ninguém mais do que Jair Bolsonaro deve
torcer para que nada elimine as chances de Lula de ser candidato no ano que
vem. Porque ninguém mais do que Bolsonaro só tem a ganhar se os dois se
enfrentarem no segundo turno da eleição presidencial.
(A recíproca é verdadeira, mas não vem ao
caso agora. É por isso que Ciro Gomes, candidato dele mesmo e do PDT, oscila
entre bater em Lula ou em Bolsonaro. Ciro acha que Bolsonaro é mais vulnerável
do que Lula, mas Lula e o PT são sua obsessão.)
O antipetismo é vital para que Bolsonaro se
reeleja. Um candidato, qualquer outro, capaz de credenciar-se a disputar o
segundo turno, seria o maior perigo que deve ser afastado quanto mais cedo
melhor para Bolsonaro. Ele parece estar convencido disso.
Se já estava antes, mais convencido ficou depois de uma reunião, esta semana, com ministros que lhe expuseram dados e conclusões tiradas de recentes pesquisas encomendadas pelo governo, ou a ele presenteadas por entidades parceiras suas em negócios.
Bolsonaro não tem muito o que fazer para
barrar o surgimento de um candidato alternativo a ele e a Lula. Mais fácil,
portanto, será contribuir para que Lula não perca tão cedo a condição de
favorito a se eleger presidente daqui a um ano e quatro meses.
Então o caminho foi delineado e dele
Bolsonaro não deveria se afastar: bater muito em Lula e no PT, não perder
nenhuma oportunidade de bater; e resistir à tentação de atacar nomes de outros
aspirantes a candidato. Ignorá-los, de preferência.
No caso de João Doria (PSDB), governador de
São Paulo, por pior que ele esteja nas pesquisas de intenção de voto, a
intuição de Bolsonaro o orienta a não esquecê-lo. Doria tem a seu favor o fato
de ter descoberto a vacina contra a Covid-19 antes de Bolsonaro.
O PSDB não gosta de Doria. Uma fatia do
partido, à frente o deputado Aécio Neves (MG), defende que o PSDB não tenha
candidato a presidente. Se tiver e for Doria, muitos, abertamente ou às
escondidas, apoiarão Bolsonaro e desejarão seu apoio.
O presidente ouviu dos seus ministros que
ele não pode mais dar-se ao luxo de errar provocando crises desnecessárias que
lhe custarão votos mais adiante. Eis o maior desafio de Bolsonaro: governar, ou
fingir que governa, sem alimentar crises.
CPI da Covid-19 quer ouvir Wizard sobre
compras superfaturadas
Empresário milionário escapou do Brasil
para o México e a Polícia Federal tem ordem para trazê-lo à força
O empresário Carlos Wizard sabe por que
está sendo procurado pela CPI da Covid-19. E a CPI sabe por que o procura.
Wizard escapou do Brasil para o México desde março último. A pedido da CPI, o
ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, autorizou que ele
seja conduzido a depor à força.
Wizard fez parte do gabinete paralelo
montado no Palácio do Planalto para aconselhar Bolsonaro no suposto combate à
pandemia. Foi uma das vozes que disseram ao presidente só o que ele queria
escutar – tratamento precoce, uso de cloroquina contra o vírus, não ter pressa
na compra de vacinas. Quase virou ministro.
O gabinete paralelo é um dos alvos da CPI,
mas não o principal. Há fortes indícios de que Wizard lucrou com a compra
superfaturada de respiradouros e de outros equipamentos necessários à
instalação de hospitais de campanha para abrigar doentes do vírus. E é
principalmente sobre isso que a CPI quer ouvi-lo.
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