sábado, 19 de junho de 2021

Ricardo Noblat - Reeleição de Bolsonaro depende de Lula aparecer como favorito

Blog do Noblat / Metrópoles

Conclusões extraídas de pesquisas indicam que enfraquecimento de Lula prejudicaria Bolsonaro

Ninguém mais do que Jair Bolsonaro deve torcer para que nada elimine as chances de Lula de ser candidato no ano que vem. Porque ninguém mais do que Bolsonaro só tem a ganhar se os dois se enfrentarem no segundo turno da eleição presidencial.

(A recíproca é verdadeira, mas não vem ao caso agora. É por isso que Ciro Gomes, candidato dele mesmo e do PDT, oscila entre bater em Lula ou em Bolsonaro. Ciro acha que Bolsonaro é mais vulnerável do que Lula, mas Lula e o PT são sua obsessão.)

O antipetismo é vital para que Bolsonaro se reeleja. Um candidato, qualquer outro, capaz de credenciar-se a disputar o segundo turno, seria o maior perigo que deve ser afastado quanto mais cedo melhor para Bolsonaro. Ele parece estar convencido disso.

Se já estava antes, mais convencido ficou depois de uma reunião, esta semana, com ministros que lhe expuseram dados e conclusões tiradas de recentes pesquisas encomendadas pelo governo, ou a ele presenteadas por entidades parceiras suas em negócios.

Bolsonaro não tem muito o que fazer para barrar o surgimento de um candidato alternativo a ele e a Lula. Mais fácil, portanto, será contribuir para que Lula não perca tão cedo a condição de favorito a se eleger presidente daqui a um ano e quatro meses.

Então o caminho foi delineado e dele Bolsonaro não deveria se afastar: bater muito em Lula e no PT, não perder nenhuma oportunidade de bater; e resistir à tentação de atacar nomes de outros aspirantes a candidato. Ignorá-los, de preferência.

No caso de João Doria (PSDB), governador de São Paulo, por pior que ele esteja nas pesquisas de intenção de voto, a intuição de Bolsonaro o orienta a não esquecê-lo. Doria tem a seu favor o fato de ter descoberto a vacina contra a Covid-19 antes de Bolsonaro.

O PSDB não gosta de Doria. Uma fatia do partido, à frente o deputado Aécio Neves (MG), defende que o PSDB não tenha candidato a presidente. Se tiver e for Doria, muitos, abertamente ou às escondidas, apoiarão Bolsonaro e desejarão seu apoio.

O presidente ouviu dos seus ministros que ele não pode mais dar-se ao luxo de errar provocando crises desnecessárias que lhe custarão votos mais adiante. Eis o maior desafio de Bolsonaro: governar, ou fingir que governa, sem alimentar crises.

CPI da Covid-19 quer ouvir Wizard sobre compras superfaturadas

Empresário milionário escapou do Brasil para o México e a Polícia Federal tem ordem para trazê-lo à força

O empresário Carlos Wizard sabe por que está sendo procurado pela CPI da Covid-19. E a CPI sabe por que o procura. Wizard escapou do Brasil para o México desde março último. A pedido da CPI, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, autorizou que ele seja conduzido a depor à força.

Wizard fez parte do gabinete paralelo montado no Palácio do Planalto para aconselhar Bolsonaro no suposto combate à pandemia. Foi uma das vozes que disseram ao presidente só o que ele queria escutar – tratamento precoce, uso de cloroquina contra o vírus, não ter pressa na compra de vacinas. Quase virou ministro.

O gabinete paralelo é um dos alvos da CPI, mas não o principal. Há fortes indícios de que Wizard lucrou com a compra superfaturada de respiradouros e de outros equipamentos necessários à instalação de hospitais de campanha para abrigar doentes do vírus. E é principalmente sobre isso que a CPI quer ouvi-lo.

 

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