Tribunal elenca ações de Moro e da força-tarefa que tiveram impacto na eleição
O
STF não declarou apenas que Sergio Moro pisou fora das regras do processo
legal. O julgamento que definiu a
suspeição do ex-juiz na condução de um dos processos contra o
ex-presidente Lula deixou às claras uma deformidade central da Lava Jato. O
tribunal aplicou à operação a marca da motivação política.
Ao analisar a conduta de Moro, ministros do STF elencaram momentos em que a Lava Jato tomou decisões com impacto sobre o cenário político. A Segunda Turma do STF entendeu que a atuação do ex-juiz teve relação principalmente com eventos da última eleição presidencial.
Autor
do voto que abriu caminho
para a suspeição, Gilmar Mendes destacou algo que seria espantoso,
caso não tivesse ocorrido na frente de todos: o fato de que Moro aceitou um
cargo no governo de Jair Bolsonaro, candidato que se beneficiou da condenação
de Lula.
Gilmar
disse que a atuação do ex-juiz e da força-tarefa de Curitiba faria com que o
Judiciário ficasse marcado pelo "experimento de um projeto populista de
poder político". E acrescentou: "Não tenho políticos de predileção.
Agora, acho que não se pode permitir fazer política por meio da persecução
penal."
Com anos de
atraso, os ministros enxergaram o que Moro fez à luz do dia. Ricardo
Lewandowski entendeu que o ex-juiz influenciou o processo eleitoral de 2018 ao
divulgar parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci, dias antes do
primeiro turno. Afirmou ainda que sua atuação foi "empreendida com nítido
propósito de potencializar as chances ou, mesmo, viabilizar a vitória de
candidato de sua preferência".
Já Cármen Lúcia, que se tornou o voto decisivo ao mudar de entendimento, tentou delimitar o caso. Disse que o julgamento se referia apenas a Lula e que não fazia "algum tipo de referência à Lava Jato". Ainda assim, a ministra precisou concordar com os colegas e citou a divulgação da delação de Palocci durante a campanha presidencial. Mesmo uma defensora da operação reconheceu a tonalidade política de Moro.
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