Contra
a pandemia, tudo importa um pouco, mas nada explica tudo
Assim
como o câmbio existe para humilhar economistas, a Covid-19 existe
para humilhar epidemiologistas. Estou sendo injusto, pelo menos com os
epidemiologistas. O chiste, porém, ajuda a mostrar que ninguém ainda entendeu
direito essa moléstia. É claro que há aspectos básicos que estão bem
estabelecidos, mas há algumas diferenças de desempenho entre países que
desafiam as explicações.
Dinheiro?
Temos nações muito ricas que foram extremamente mal, e outras quase miseráveis
que foram muito bem, como é o caso, respectivamente, de EUA e Vietnã. Recursos
são um fator relevante, mas não dão conta de explicar o todo.
Geografia?
Todos esperavam um desastre na África subsaariana, a parte do globo que sofre
mais em quase todas as epidemias, mas a região se saiu relativamente bem, com
exceção da África do Sul, para não desmentir a regra de que tudo tem exceções.
Um
fator frequentemente negligenciado é o acaso. Sim, ele é relevante e se
materializa em coisas como eventos de superinfecção, que são basicamente o
sujeito errado, na hora errada, cercado pelas pessoas erradas.
A conclusão que me parece possível é que tudo importa um pouco, mas nada explica tudo.
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