Anulação
das condenações do petista, em tese, poderia ser comemorada pelo presidente
Jair Bolsonaro
08/03/2021
16h30
A
decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, de anular
as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 13ª Vara
Federal recoloca o petista na vida pública, deve levá-lo à
sexta candidatura presidencial em 2022 e, em tese, poderia ser comemorada pelo
presidente Jair Bolsonaro.
Ficaria
desde já praticamente definido o segundo turno da eleição. Lula, com alta
rejeição, concorrendo virtualmente sem alianças. Bolsonaro, com alta rejeição e
a sustentação do centrão, por conveniência política, e do mercado, por
exclusão.
Nestas
circunstâncias - a da eleição se converter em um duelo de rejeições - Bolsonaro
tem mais margem de manobra, por contar com todo o instrumental disponível a um
presidente candidato à reeleição.
A carreira política de Lula é tão longa que o ex-presidente já encarnou vários papéis. Ele já foi o artífice do aliancismo, em 2002 e 2006, quando se compôs com setores do empresariado e da política presidencial. Já teve uma aliança limitada à esquerda, em 1998, quando Leonel Brizola se rendeu a ser vice em sua chapa. Caprichou na veia messiânica em 1994, antes de ser atropelado pelo Plano Real e por Fernando Henrique como a solução de todos os males do país. E viveu a fase radical em 1989, na sua primeira tentativa.
O
Lula de 2022 tende a ser mais parecido com o do início da sua caminhada. Não
pelo radicalismo, mas pelo isolamento. É uma candidatura em primeiro lugar de
resgate histórico, de fazer prevalecer a narrativa que o país foi vítima de
golpes entre 2016 e 2018 para alijá-lo da cena política.
Dele
pode se repetir em parte o que Talleyrand falou a respeito de Luis XVIII, o
Bourbon restaurado no trono da França após a queda de Napoleão Bonaparte: nada
esqueceu e nada aprendeu. Que nada esqueceu é o que tudo indica. O
ex-presidente, pelas suas colocações desde que saiu da prisão, parece mais
disposto a promover um ajuste de contas do que promover uma conciliação
nacional. Nada aprender, no sentido dado por Tallleyrand, é repetir as mesmas
práticas que levaram à sua derrocada. Isso o tempo ainda dirá.
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