Correio Braziliense
É cada vez mais difícil o
surgimento da chamada terceira via, uma candidatura que unifique o centro político.
A fragmentação é muito grande.
Todas as pesquisas confirmam o cenário de
polarização para as eleições presidenciais de 2022, entre o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), favorito na disputa, em torno de 40% de intenções de
votos, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cuja reeleição está cada
vez mais difícil, com teto nos 30% dos votos. O governador de São Paulo, João
Doria, não sai da faixa dos 3% de intenções de votos, como candidato do PSDB.
Se o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, fosse o candidato do PSDB,
também não haveria grande modificação.
O candidato de oposição que aparece com melhor pontuação é o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), que se mantém em terceiro lugar, variando de 5% a 11%, dependendo da pesquisa. Entretanto, o pedetista não consegue ampliar suas alianças ao centro. A estagnação nas pesquisas eleitorais dificulta a vida de Doria, na medida em que o gaúcho Eduardo Leite corre na mesma faixa, o que aumenta o isolamento interno do governador paulista nas prévias do PSDB.
É cada vez mais difícil o surgimento da
chamada terceira via, uma candidatura que unifique o centro político. A
fragmentação é muito grande. No primeiro cenário, com Doria, pontuam, nas
pesquisas, José Luiz Datena (PSL), com 4%; Henrique Mandetta (DEM), 3%; Rodrigo
Pacheco (DEM), 2%; Aldo Rebelo (sem partido) e Alessandro Vieira
(Cidadania), com 1% cada. No segundo cenário, com Leite como candidato do PSDB,
Mandetta tem 3%;
Datena, 2%; Pacheco, Aldo e Alessandro, 1%. Esses cenários não podem ser
engessados — estamos a um ano das eleições. Entretanto, mostram grande
descolamento dos partidos de centro de suas bases eleitorais tradicionais.
A novidade no quadro partidário é a
anunciada fusão do DEM com o PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, mas,
depois, rompeu. Com a fusão, passarão a se chamar União Brasil, com o número
44, escolhas feitas com base em pesquisas qualitativas. Será o maior partido da
Câmara, com 81 deputados, o que garante para a nova legenda R$ 320 milhões de
fundo eleitoral e R$ 138 milhões de fundo partidário. A nova legenda tem,
ainda, sete senadores, quatro governadores e 554 prefeitos. Entretanto, não
consegue alavancar seus pré-candidatos: Mandetta tem apenas 3% de intenção de
votos, e Pacheco varia entre 1% e 2%, dependendo da sondagem.
Expectativas
O PSDB vive um momento de grande divisão interna. De certa forma, a disputa
entre os tucanos paralisa os demais atores políticos de centro, que aguardam a
escolha do candidato da legenda. Quem quer que seja o escolhido, terá
dificuldade para unificar o partido. Além disso, os aliados tradicionais também
estão se colocando como alternativa, com seus próprios candidatos. O PSDB
deixou de ser uma força agregadora do centro. Quem vencer as prévias precisará
fazer um grande esforço para reconstruir suas alianças tradicionais.
Outro ator importante na construção de uma
alternativa de centro é o PSD, de Gilberto Kassab, que assedia o presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Kassab atraiu para a legenda o prefeito do
Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que ensaia disputar o governo fluminense, e o
ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que pretende voltar ao Palácio dos
Bandeirantes. Com habilidade, Kassab trabalhou nos últimos anos para reunir 35
deputados, 11 senadores, dois governadores e 654 prefeitos.
Entretanto, o PSD corre o risco de ficar na
mesma situação do MDB, que não tem, até agora, um projeto de candidatura
própria, embora a senadora Simone Tebet (MS) pleiteie a vaga e o ex-presidente
Michel Temer tenha voltado à ribalta. O MDB tem 16 senadores, 34 deputados,
três governadores e 784 prefeitos. Tanto o PSD quanto o MDB podem derivar para
a candidatura de Lula, o que aumentaria as suas chances de vencer no primeiro
turno. O petista anda trabalhando nos bastidores para montar seus palanques
regionais e não desistiu de suas velhas alianças, inclusive com o Centrão.
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