Bolsonaro,
em suas novas variantes, e o coronavírus, em suas novas cepas, dominam o País
Os
fatos ganham velocidade atordoante: o presidente Jair
Bolsonaro intervém na Petrobrás e põe mais um general como
escudo, Supremo e
Congresso às voltas com um personagem sarado, desbocado, armado
e perigoso como um miliciano, Estados e municípios em desespero com falta de
vacinas e sistema de saúde à beira do colapso. Bolsonaro, com
suas variantes convenientes, e o coronavírus, com suas novas cepas
oportunistas, avançam e ampliam seus raios de ação.
A
demissão do “Chicago Boy” Roberto
Castello Branco e a intervenção na Petrobrás encerram
definitivamente o teatro de um governo liberal, no qual o presidente assumia
não entender nada de economia e prometia não se meter onde não devia. Falam em
“dilmização” de Bolsonaro, mas tem uma diferença. A ex-presidente Dilma Rousseff tinha
mão pesada na Petrobrás (e em juros, por exemplo) por concepções equivocadas e
obsoletas sobre economia, enquanto Bolsonaro mete por uma única motivação:
populismo, a seu próprio favor.
Com as ações da Petrobrás esfarelando aqui e lá fora, o ministro Paulo Guedes faz o triste papel de quem perdeu a pauta, o timing e os brios. O Brasil foi dormir com a expectativa de reação, até de demissão, do ministro. Mas acordou com ele prometendo um jeitinho de compensar a isenção de tributos do diesel e do gás de cozinha. Patético. “Um manda, outro obedece.” A máxima de Eduardo Pazuello atinge todas as áreas, onde pululam generais e almirantes e vaga o economista Guedes.
É
preciso saber até onde o prestigiado general de Engenharia Joaquim Silva
e Luna, de quatro estrelas, vai se equiparar ao general intendente
Pazuello, de três. Assim como Pazuello não sabia o que era SUS nem curva
epidemiológica, Silva e Luna, ao que consta, não sabe a diferença de gasolina e
óleo diesel e não tem a menor ideia da importância da política de preços independente
numa empresa – seja ela pública ou privada.
Quem
não sabe se cerca de quem sabe. Pazuello, porém, entupiu a Saúde de militares,
como ele, sem expertise nenhuma na área, em plena pandemia. Dá no que dá. E
Silva e Luna parece compelido a pescar militares da reserva para preencher a
diretoria da Petrobrás. A atual, de alto nível, está em debandada. Quem, com
credibilidade e experiência no setor, vai entrar nessa fria?
Guedes
chegou cheio de si, tão avalista do “momento liberalizante” quanto Sérgio Moro
das intenções moralizantes de Bolsonaro. Hoje, perde controle sobre a
estratégica Petrobrás e não convence ninguém de fora a preencher vagas no
governo. Logo, vai ter de engolir mais e mais militares, bolsonaristas,
corporativistas, estatizantes e, obviamente, o Centrão. Um bololô infernal. “E
na semana que vem (nesta) tem mais”, avisa Bolsonaro.
O
presidente não se meteu com a prisão do deputado Daniel
Silveira (PSL-RJ), legítimo porta-voz das causas mais caras ao
bolsonarismo: ataque ao Supremo, implosão do Congresso, descrédito da
mídia, armas, armas
e armas, exatamente como na Venezuela.
Mas, se ele lavou as mãos, o filho 03 deu o recado no voto.
Agora,
é ver para crer como fica o Brasil. Bolsonaro botou as Forças Armadas no bolso,
cooptou as polícias, arma as milícias, dá carne aos leões bolsonaristas,
enquanto cala o Congresso, faz política de boa vizinhança com o Supremo e o STJ
e troca o falso liberalismo econômico por intervencionismo, corporativismo e
populismo.
É assim que multidões defendem um governo que trabalhou a favor do vírus, chegou atrasado e a conta-gotas às vacinas e tem um presidente capaz de inventar que rasuraram a carteira de vacinação da mãe só para fingir que era a “vacina chinesa do Dória”. O coronel Hugo Chávez era um amador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário