O
Supremo consagrou a vitória do devido processo legal, do Estado de Direito e da
justiça
Na
sessão do STF que examinou a equivalência entre turmas e plenário como fóruns
de decisão da corte, uma rápida discussão entre os ministros Luís Roberto
Barroso e Ricardo Lewandovski resumiu o cerne do que estava em jogo: se vale
tudo no Judiciário para perseguir e prender inimigos políticos ou se ainda
podemos acreditar na prevalência do devido processo legal.
A
Vaza Jato mostrou que o ex-juiz Sergio Moro sugeriu
pistas, informantes e estratégias aos procuradores da Lava Jato, ou seja,
tramou fora dos autos como chefe da investigação. Violou o direito básico do
réu a um juiz imparcial e desprezou o código de ética da magistratura.
O ministro Barroso considerou que a Vaza Jato revelou apenas "pecadilhos", "fragilidades humanas", "maledicências". A complacência não passou em branco para Lewandovski, que lembrou outros excessos de Moro muito antes da entrada em cena do hacker e do site The Intercept, como conduções coercitivas e prisões preventivas excessivas.
Acrescento
aqui a interceptação telefônica de advogados de defesa e o vazamento do grampo
ilegal de conversa entre Lula e a
presidente Dilma Rousseff. À época, a ilicitude mereceu apenas
leve reprimenda do então relator da Lava Jato, Teori Zavascki, morto em 2017, e
o assunto foi encerrado com pedido de "escusas" de Moro. Lewandovski
assinalou também que as críticas ao modus operandi do ex-juiz não podem ser
confundidas com defesa da corrupção. É uma distorção costumeira e que
desqualifica esse debate.
Como o ministro Marco Aurélio Mello se aposentará em breve, espera-se que seja rápido na devolução do caso ao plenário. O Brasil precisa virar essa página. O que importa, porém, já está decidido. O Supremo consagrou a vitória do devido processo legal, do Estado democrático de Direito e da justiça. O ex-presidente Lula, impedido por Moro de concorrer em 2018, está livre para disputar em 2022. E Moro irá para o lugar reservado aos canalhas: a lata de lixo da história.
Um comentário:
"A lata de lixo da história", perfeita conclusão, Cristina !
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