Folha de S. Paulo
Olho no Sete de Setembro: as vivandeiras
estão alvoroçadas
Apesar da dura no cantor golpista Sérgio Reis,
olho no Sete de
Setembro. As vivandeiras —que acreditam no “contragolpe” de
Bolsonaro e na interpretação do artigo 142 da Constituição pelo general Augusto
Heleno— estão alvoroçadas.
Ao dizer que as Forças Armadas podem coibir
“excessos” do Judiciário, Heleno não é o bobo da corte falando do que não
entende para fazer graça. Ele sabe muito bem que sua hipótese é um estupro
constitucional. Seu negócio é agitar a extrema direita e o bando de plantão nas
redes sociais.
Em vez de tornar-se essa figura nanica, manchando o currículo de “tríplice coroado” (primeiro aluno nos três principais cursos por que passa um general), o chefe do SNI faria melhor se se dedicasse à paródia musical. Enquanto pôde cantar sem constrangimento sua versão para “Reunião de Bacana” (“Se gritar pega centrão/ Não fica um, meu irmão”) —antes de o grupo de Arthur Lira e Ciro Nogueira começar a dar as cartas no governo—, Heleno estava em seu ambiente.
Nas décadas de 40 e 50, Luiz Antônio, Jota
Júnior, Armando Cavalcanti, Klécius Caldas e Rutinaldo —todos militares— faziam
bonito assinando sambas e marchinhas: “Sassaricando”, “Lata D’água”, “Sapato de
Pobre”, “Maria Candelária”, “Catumbi Encheu”. Se fosse parceiro de Ary do
Cavaco —o autor de “Reunião de Bacana”, mais conhecida como “Se Gritar Pega
Ladrão”—, o general poderia fazer parte desse batalhão de elite.
Ary do Cavaco, uma glória da Portela,
ensinaria Augusto Heleno a batucar em caixinhas de fósforo e a combater golpes.
Sucesso de 1996 e carro-chefe do grupo É o Tchan, “A Dança do Bumbum” é plágio
de uma música de Ary e de Otacílio da Mangueira, “Na Beira do Mangue”. Ele fez
um acordo na Justiça para receber uma reparação em dinheiro e participar do
pagamento de direitos autorais.
O que está na lei é para ser cumprido, general. O que não está não é. Nem dá samba.
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