Blog do Noblat / Metrópoles
Governador de São Paulo reforça seu time
para disputar a eleição presidencial do ano que vem
Rodrigo Maia (sem-partido), ex-presidente
da Câmara dos Deputados, é o novo secretário de Projetos e Ações Estratégicas
do governo de São Paulo. Pode ter sido uma boa para o governador João Doria
(PSDB). Maia ficará
responsável por projetos de desestatização, acelerando as parcerias
público-privadas.
Mas esse não é o trunfo que Doria guardava
para reforçar suas chances de suceder o presidente Jair Bolsonaro caso venha a
ser indicado como candidato do seu partido em prévias marcadas para novembro
próximo. O trunfo é outro guardado a sete chaves por Doria, mas ainda sujeito a
confirmação.
Segundo três pessoas ligadas ao governador
e ouvidas por este blog, o trunfo atende pelo nome de Sérgio Moro, ex-juiz,
ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, ex-aspirante a uma vaga de ministro do
Supremo Tribunal Federal, hoje empregado de uma empresa de advocacia americana
carregada de bons clientes.
Doria namora há muito tempo o apoio de
Moro, que poderá ser declarado ainda este ano, ou no próximo.
Um presidente lúcido requer ministros que
não digam idiotices
Ainda falta um dia para terminar a semana
onde vozes do governo deram a exata medida dos tempos bizarros que o país vive
Se o raro momento de lucidez de Bolsonaro,
ao dizer que há muita gente mais competente do que ele para ocupar seu cargo,
resistir à passagem de pelo menos uma semana, talvez fosse o caso de a tropa
que o serve com tanto desvelo reciclar o que pensa e fala.
A semana que acaba amanhã começou com o
rufar de tambores tocados pelo general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de
Segurança Institucional. Em entrevista à rádio Jovem Pan, sempre ela, Heleno
disse sobre um possível golpe militar:
“Não acredito numa intervenção no momento. Essa
intervenção poderia acontecer num caso muito grave”.
Isso não é coisa que diga auxiliar de um presidente da República que joga dentro das quatro linhas da Constituição e que promete continuar jogando. E que despacha bombeiros para apagar o incêndio que ele mesmo tocou em suas relações com a Justiça.
O gabinete de Heleno só tinha importância
quando o ministro mandava na Agência Brasileira de Inteligência. Deixou de
mandar desde quando o novo chefe da agência, o delegado Alexandre Ramagem,
passou a despachar direto com Bolsonaro.
A semana avançou com a declaração do
general Braga Neto, ministro da Defesa, de que não houve ditadura no Brasil
entre 1964 e 1985. Um regime de força, taokey. Mas, ditadura, não. Em socorro
de Braga saiu o general Luiz Eduardo Ramos:
“Ditadura é uma questão de semântica”.
O regime de força dos dois generais matou e
fez desaparecer no mínimo 434 pessoas, torturou, cassou mandatos de
parlamentares e de ministros de tribunais superiores, fechou o Congresso,
suspendeu o direito ao habeas corpus e censurou a imprensa.
Por que não chamar as coisas por seus
próprios nomes? Democracia relativa não existe. Como democracia à moda do
Brasil, também não. Sobral Pinto, corajoso advogado de presos políticos desde a
ditadura de Getúlio Vargas nos anos 30, ensinou:
“À brasileira, só peru.”
Quem sabe empenhados em dar sua
contribuição ao rápido esquecimento da derrota do governo no caso do voto
impresso, os ministros da Saúde e da Educação apressaram-se em vomitar frases
que os marcarão para sempre, e também ao seu chefe.
O cardiologista Marcelo Queiroga disse ser
contra o uso obrigatório da máscara contra a Covid-19 e suas variantes. Por
quê? Porque os brasileiros não têm o costume de respeitar as leis. Convenhamos:
é uma pérola da sabedoria desses tristes tempos.
O professor e pastor Milton Ribeiro foi
taxativo:
“Nós temos 1,3 milhão de crianças com
deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de
deficiência em que é impossível a convivência”.
Ribeiro é o quarto ministro da (des)Educação
de Bolsonaro. O primeiro, o filósofo Ricardo Vélez, falava português com
sotaque. O segundo, Abraham Weintraub, fugiu do Brasil para não ser preso. O
terceiro, Carlos Decotelli, tinha um falso currículo.
Um presidente lúcido e, agora, humilde pode
dar um jeito em sua equipe.
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