quarta-feira, 25 de março de 2015

PPS, PSB, PV e Solidariedade iniciaram debates sobre a crise. Freire defendeu parlamentarismo

Entidades como OAB, CNBB, Contas Abertas, entre outras, também participaram

Valéria de Oliveira - Portal PPS

O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, defendeu a adoção do sistema parlamentarista de governo no Brasil, ao sair do debate “Diálogo Brasil: Reflexões sobre a crise e os caminhos democráticos”, promovido pelas fundações Astrojilo Pereira, do PPS, João Mangabeira, do PSB, Verde Herbert Daniel, do PV, e 1º de Maio, do Solidariedade, com a participação da CNBB, OAB e ONG Contas Abertas, entre outras entidades da sociedade civil.

“Essa é a grande reforma política a fazer. Nossos problemas podem estar, com muita clareza, no presidencialismo imperial que aqui funciona”. Segundo Freire, o regime presidencialista funciona bem nos Estados Unidos porque “naquele país o sistema de freios e contrapesos é muito forte e há uma efetiva federação”.

Participaram do encontro também deputados, senadores, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), e os presidentes dos quatro partidos promotores da iniciativa. O debate ocorreu no auditório da OAB. Esse foi o primeiro evento de um ciclo de cinco debates que serão realizados nas regiões do país.

Discutindo a crise
O palestrante do evento foi o cientista político e jornalista César Benjamin. Ele disse que “o Brasil começa a atravessar a maior crise da sua história republicana, com o esgotamento da política econômica implementada nos últimos 12 anos”, ou seja, nos governos do PT.

Para Benjamin, há um “enorme acúmulo de erros”, potencializados pela “soberba do PT”, que não ouve críticas. O cientista político afirmou ainda que, nas administrações petistas, o país deixou de construir uma economia que absorva trabalho qualificado e só criou empregos de baixa qualificação e remuneração. “Assistiram (os governantes), com passividade, a desindustrialização do Brasil”. Atualmente, ressaltou o jornalista, a indústria brasileira é do tamanho da que havia na década de 40.

O projeto petista degenerou para uma bolha de consumo, ao focar apenas na manutenção da demanda aquecida, lamentou o palestrante. “O PIB de 2014 será mínimo e o de 2015, negativo. O Estado se endivida para não crescer”, observou. Segundo Benjamin, tudo isso ficou escondido até a eleição presidencial. “Depois, descobrimos o cavalo de pau”, afirmou, referindo-se à estratégia dos gregos para entrar em Tróia.

Agora, o governo adota, como centro, a busca da contração no consumo, ou seja, o contrário da política de expansão do crédito do tipo “compre mais e vote no PT”, apontou César Benjamin. Esgotou-se também o distributivismo sem reformas.

O governo continua a usar os 25 mil cargos de que dispõe na máquina administrativa para lotear o estado nacional, criticou o cientista político. “São usados em composições que rebaixam o papel do Congresso Nacional e da política. Tudo isso leva a uma tendência à ingovernabilidade a curto prazo”, salientou. A crise da Petrobras, disse, “é um símbolo decisivo de que não é mais possível usar o estado para esse tipo de política”.

A curto prazo, César Benjamin acredita que ocorrerá o fim da hegemonia do PT, que atravessa “crise terminal” por perder a capacidade de representar o futuro e tende a desaparecer a polarização PT versus PSDB. “Talvez estejamos terminando um ciclo longo da política”. As grandes massas, disse o cientista político, estão sendo atingidas pela crise, mas elas ainda não aderiram aos protestos, assinalou. “A voz da crise pode não ser simpática nem bem comportada”.

“Estamos abrindo uma crise que será extremamente grave: 59% da população estão apoiando o impeachment da presidente da República, que não apoio. Há muitos fios soltos, prontos a causar um curto-circuito para que se acelere a crise política”, disse Benjamin. Para ele, é preciso reconstruir a esperança porque, sem ela, a sociedade enlouquece.

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